Friday, March 8, 2024

Porque o LCS Game Changers é importante.

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Nesta era dos esports, na qual as coisas podem parecer polidas até demais e apenas comerciais, é fácil sentir uma nostalgia ao pensar “nos bons e velhos tempos”. À primeira vista, não têm nada de errado em relembrar o passado, afinal de contas, tem algo especial e eletrizante na frase “no surgimento do cenário de esports” – foi uma época cheia de animação e euforia, sensações que temos apenas quando tudo parece possível e todos têm pouco conhecimento sobre as coisas. E com o tempo, essa sensação foi diminuindo, o que faz com que recordar tudo, parece ainda melhor.

 

Com o tanto que o cenário já evoluiu, é seguro dizer que a sensação do “surgimento do cenário de esports” nunca mais vai voltar. Mas, durante um final de semana em setembro de 2023, um grupo de pessoas se reuniu nos estúdios da LCS e lá eles puderam sentir algo parecido – algo que você só sente quando algo novo está tomando forma.

 

O primeiro campeonato mundial de League of Legends aconteceu em 2011. Dez anos depois, a Riot criou o LCS Game Changers. O LCS Game Changers foi a primeira competição do tipo na América do Norte: um programa oficial de LoL voltado para mulheres e indo além ao englobar os gêneros mais marginalizados. O programa começou em 2021 como um evento de duas semanas, mas, desde então, virou algo robusto que envolve três times que competem por dois meses, culminando em um evento presencial nos estúdios da LCS.

Serenity, uma das três equipes do LCS Game Changers 2023, nos estúdios da LCS. Foto cortesia da Riot Games.

Em parceria com a SIDO, um grupo de consultoria e pesquisa em esports, o Game Changers levou todos as jogadoras para Los Angeles para o evento presencial. Naquele final de semana, as jogadoras e funcionários das três equipes - Astrocats, Arcana e Serenity – se encontraram e competiram umas contra as outras. Para muitas delas, foi a primeira vez que as jogadoras se conheceram pessoalmente, apesar de já se conhecerem há anos.

“A maioria já se conhece, ou tem ideia de quem a outra seja, nos conhecemos a pelo menos alguns anos antes do Game Changers virar algo concreto”, foi o que a Aria “Solaria”, jungler da Astrocats disse. A Aria começou a jogar LoL de maneira competitiva em 2017 com sua equipe do ensino médio. “Nós não tínhamos uma estrutura assim naquela época”.

Myra Davis – que você deve saber quem é por causa do trabalho majestoso que ela fez na NRG quando ajudou o time a alcançar uma vitória surpreendente na LCS – ela ajudou na ideação e no planejamento para o Game Changers 2023. Mais tarde, a Myra também participou como mentora do projeto e, desde muito antes do surgimento do Game Changers, ela tem trabalhado na inclusão na diversidade de gêneros no cenário de esports. Para ela foi a primeira vez que ela pôde fazer parte de algo tão grande assim, ainda mais tendo o apoio da Riot.

 

“Já faz quase uma década que todas as jogadoras, treinadores e treinadoras – ou pelo menos grande parte deles”, disse Myra. “Só não conhecia algumas delas, mas pude conhecê-las e me conectar com cada uma. Para mim, poder apoiar pessoas que conheço há muito tempo, que sei que tem potencial, foi muito gratificante”.

 

Foi uma oportunidade sem precedentes para um grupo de jogadoras que há anos  sonhava em jogar LoL de maneira competitiva, mas nunca tiveram a chance de jogar um campeonato que fosse desse nível. No começo da criação do projeto, a Myra sugeriu fazer uma parceria com equipes da LCS, já que muitos centros de treinamento estavam vazios com o fim da temporada. A Astrocats fez uma parceria com a Team Liquid, a Arcana com a NRG, e a Serenity juntou-se à Golden Guardians.

Então, em setembro de 2023, as três equipes foram ao estúdio da LCS e se prepararam para a sua “estreia profissional”. Apesar das jogadoras estarem lá para competir de maneira séria, o evento foi quase todo sobre as jogadoras se apoiarem e edificarem umas às outras. E, é claro, existia a empolgação de jogar para uma plateia no palco da LCS – o que por si só seria uma experiência inesquecível para qualquer um.

 

“Achei que ficaria bem mais desconfortável no palco, mas, quando a partida começou, eu esqueci da plateia”, disse Aria. “Eu estava tão confortável jogando no palco. Foi muito intenso, mas é muito fácil esquecer a plateia até que eles façam muito barulho. Acho que o que fez a minha ficha cair foi ouvir a plateia gritando durante as batalhas – dá para ouvir tudo e o chão chega a tremer. Tipo, você realmente sente a plateia”.

 

Por fim, a Astrocats ganhou a competição, mas todas as equipes o que mais contou foi a alegria e a sororidade.

 

“Mesmo que elas não tenham ganhado, elas estavam animadas pela oportunidade que tiveram”, disse Kaitlyn Whitman, umas das colíderes do projeto LCS Game Changers. “A acredito que a maioria das jogadoras sentiu a mesma coisa, mesmo que elas não sejam convidadas para voltar, foi uma experiência incrível, e elas gostariam que outras jogadoras pudessem vivenciar isso também”.

 

“Durante as partidas ao vivo, o time que não estava jogando assistiu tudo dos bastidores”, disse Aria. “Quando a partida acabava, você ia até o palco e falava para os times que jogaram: ‘minha nossa, isso foi incrível!’. Foi quase literalmente jogar show matches com as amigas, mas só que valia mais que só ganhar. A sensação foi exatamente a mesma que acho que as pessoas sentiram em 2014-2015. Parecia que todas éramos amigas”.

 

Tudo isso, é claro, levou a grande questão sobre o Game Changers: por que precisamos disso?

 

O League of Legends nunca foi um jogo de um gênero só, e, com o interesse pelo Game Changers, ficou provado que pessoas de todos os gêneros vêm jogando o LoL desde o seu surgimento. Mesmo assim, apenas homens disputam a LCS ou a LCS Challenger. Qual seria o motivo disso?

Vamos voltar “no surgimento do cenário de esports”. Uma coisa sobre a nostalgia é que ao mesmo tempo ela pode servir de conforto, ela pode servir para mostrar algo muito ruim. Algumas pessoas que lamentam que “os bons e velhos tempos” terminaram na verdade só lamentam que os videogames não são mais uma atividade apenas para homens, que as mulheres não faziam parte dessa realidade e muito menos exigiam ser levadas a sério quando jogavam (e as pessoas trans e não binárias simplesmente não existiam para esses homens). Para eles, antigamente tudo era “justo” e descomplicado, quando na verdade a desigualdade simplesmente não era contestada.

Nada sobrevive no vácuo, muito menos o League of Legends. Não é tão simples quanto dizer que homens simplesmente gostam mais de jogar videogames e são melhores nisso, e que aqueles que não são homens fossem bons o suficiente para serem profissionais, eles seriam. A verdade é que o cenário por si só pode ser hostil para mulheres e pessoas de gêneros marginalizados por causa desses preconceitos ultrapassados. Muitas vezes, simplesmente não vale a pena para esses jogadores tentarem entrar no cenário competitivo. É preciso muito trabalho e dedicação para tentar ter uma chance de virar jogador profissional, e fazer isso enquanto sofre discriminação pelo seu gênero e não ter uma chance clara de sucesso, normalmente é uma situação em que essas pessoas só têm a perder.

Arcana, uma das três equipes do LCS Game Changers 2023, nos estúdios da LCS. Foto cortesia da Riot Games.

“O LoL amador é um ‘clube do Bolinha’”, disse Aria. “Muitos dos jogadores competitivos que ainda estão no cenário amador só querem jogar com seus amigos ou com os melhores jogadores, que, em sua maioria, são homens. Somos um número pequeno, e muitas pessoas do nosso grupo não interagem com aquela comunidade. O Game Changers parece ser necessário porque nos sentimos desprezadas simplesmente por não sermos homens.”

E se a aproximação das equipes em relação ao Game Changers serve de referência, o talento e a motivação estão lá, e sempre estiveram. A Astrocats venceu depois de uma preparação séria e trabalho em equipe, coisa que você só consegue fazer quando você trabalha com uma equipe sólida.

 

“Nós trabalhamos muito para nos prepararmos para o Game Changers”, disse Billy “billy worth” Trojnor-Barron, a suporte da Astrocats. “Fizemos muitas scrims, treinamos muitos a melhora das nossas habilidades de comunicação, e criamos um vínculo que nos uniu. Ao sermos honestas e abertamente expressarmos nossas emoções, conseguimos ficar na mesma página sobre nossos sentimentos e conseguimos apoiar umas as outras. Todas tínhamos habilidades diferentes quando começamos, e tenho orgulho do quanto melhoramos em muitos aspectos”.

 

Por fim, quem compete no LCS Game Changers são apenas isso: competidores. São pessoas que querem competir, porém tem poucas e raras oportunidades de o fazerem. O cenário de esports é construído pela vontade das pessoas se provarem. E, mesmo assim, a comunidade mostrou sua hostilidade com suas reações ao evento. Quase todos os posts sobre o Game Changers foram bombardeados com comentários cheios de ódio (por exemplo, não olhe os comentários ocultados nos Tweets). Muitas jogadoras e membros das equipes também criticaram a maneira com a Riot moderou o chat durante as transmissões do LCS Game Changers, considerando a moderação como insuficiente, deixando os comentários de ódio sobre o gênero das jogadoras fluírem de maneira tóxica. A situação ficou tão fora de controle que os narradores da LCS tiveram que intervir e moderar o chat – algo que Whitman admitiu que a Riot “perdeu a mão” e gostaria que isso melhorasse para o futuro.

 

Dado o contexto do histórico de descriminação do cenário de esports, é fácil perceber por que jogadores marginalizados de League of Legends querem um espaço dedicado a aperfeiçoar suas habilidades e ganhar experiência em competições. Mas, isso ainda não responde a pergunta sobre o motivo do Game Changers, como está agora, é tão necessário.

Astrocats, uma das três equipes do LCS Game Changers 2023, nos estúdios da LCS. Foto cortesia da Riot Games.

Quando falamos de Game Changers, é provável que você pense no programa de inclusão do VALORANT, que leva o mesmo nome: uma competição internacional que dura o ano todo, competição essa que possui uma infinidade de times apoiados por grandes organizações e que resulta em um campeonato mundial. O Game Changers é uma parte crucial do ecossistema do VALORANT, e que ganhou muito prestígio dos fãs do jogo.

É claro que o VALORANT Game Changers foi apresentado junto com o surgimento do cenário competitivo de VALOTANT, a VALORANT Esports. Não é, e talvez nunca será, o caso do LCS Game Changers, apresentado ao cenário de LoL, LoL Esports, 10 anos depois de sua criação.

“Quando você começa um projeto como esse, quando você tenta expandi-lo, o número de pessoas será menor do que o de VALORANT, isso porque o VALORANT introduziu esse projeto junto com o surgimento do cenário, como parte do ecossistema competitivo do jogo”, disse Emily Rand, uma analista da LCS que também participou como talento na transmissão do LCS Game Changers. “O League of Legends não tinha nada parecido com isso. Mas a ideia, e a esperança, é que, se você continuar a repetir, por exemplo, o evento desse ano, para estabelece-lo como algo que acontece com mais frequência, inicialmente, você terá menos pessoas. Mas quanto mais você repetir o evento, mais pessoas virão e participarão, e esperamos que isso faça o próprio cenário crescer”.

Todos têm uma opinião diferente sobre como o LCS Game Changers deveria ser, mas a maioria concorda que o objetivo é ajudar jogadores marginalizados a evoluírem em um espaço que não os faça desistir antes que eles tenham a chance de se estabelecerem.

“Acho que o ponto principal de um projeto assim é ajudar e ser uma porta de entrada, e não um lugar no qual as pessoas jogarão a longo prazo”, afirmou Myra. “No meu mundo ideal, esse campeonato seria uma porta de entrada para campeonatos Tier 3 e Tier 2... Um lugar para pessoas que historicamente não tiveram o apoio ou foram aceitos pela maioria dos times de níveis mais baixos. Então, esses jogadores talentosos poderão subir para campeonatos Tier 2, como a NACL e assim por diante. Em um mundo ideal, os melhores jogadores ficarão no Game Changers o menor tempo possível”.

O campeonato pode ter apenas três times fortes, mas o LCS Game Changers de 2023 simbolizou um grande progresso do cenário que historicamente não oferece muitas oportunidades como essa. É claro, o Game Changers não é um campeonato raiz acontecendo na garagem de algum organizador – afinal, ele é apoiado e organizado pela Riot – mas essa sensação de “possibilidade” só surge nos primeiros estágios de algo foi palpável em setembro de 2023, quando os times se encontraram em Los Angeles.

Os esports são algo abrangente. Quando sua vida toda gira em torno de jogar um jogo de maneira competitiva, é fácil perder a perspectiva do que você procurava quando tudo começou. Mas o Game Changers, em seu formato atual, é um campeonato no qual as pessoas podem competir jogando algo que amam, com e contra amigos de longa data, tudo dentro de um espaço em que os jogadores se sentem confortáveis. Paixão, competição e comunidade são os fatores que ainda tornam o cenário de esports uma possibilidade, apesar de tudo. Se você procura a nostalgia do “surgimento do cenário de esports”, a sua procura acabou.

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