Wednesday, June 5, 2024

Mulheres nos esports e o fardo da visibilidade

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Sempre que conversamos sobre identidade de gênero nos esports surge esse assunto, e parece que nunca há uma resposta simples. Sejam competidores, staff dos times, organizadores de torneios, cada pessoa de uma minoria de gênero tem uma ideia diferente sobre como quer ser percebida e o tipo de história a ser construída sobre si mesma. Algumas pessoas abraçam seu status de pioneiras; outras preferem não atrair atenção para seu gênero de forma alguma. Nenhuma postura é mais ou menos válida do que a outra — mas vale a pena analisar por que essa divisão existe em primeiro lugar.

Com o Eve Ascension da Team Liquid — nosso torneio de WoW com jogadores de minorias de gêneros, apresentado pela Alienware — no horizonte, é um momento tão bom quanto qualquer outro para investigar por que centrar as identidades de pessoas de minorias de gêneros pode, por vezes, ser desconfortável para elas. Ao fazer isso, esperamos entender melhor como tornar os esports e os espaços de jogos lugares mais seguros para todos.

Rejeitando a visibilidade

Parece que deveria ser simples: nunca mencionamos o gênero masculino de competidores, então por que devemos fazer isso para as outras pessoas?

De forma isolada, essa seria a verdade. Mas como todos sabemos — e como já escrevemos sobre isso no passado — que no mundo dos jogos, os gêneros não podem ser separados da experiência de ninguém. O assédio baseado em gênero é uma das maiores razões pelas quais pessoas de minorias de gêneros desistem de jogar profissionalmente, seja nos esports ou streaming. Assim, quando elas realmente têm a chance de competir de forma séria ou profissional, muitas tendem a não querer chamar atenção para seu gênero.

"Quando eu estava na faculdade, eu tentei montar um time só de mulheres para competir na [LCS] Proving Grounds," disse Blake Tran, um administrador de torneios freelancer que trabalha nos esports há quatro anos. (Blake agora se identifica como um homem trans.) "Eu recebi feedback de várias jogadoras e elas disseram que não queriam ser vistas como algum tipo de garota-propaganda. Você chama muita atenção, e receio que isso seja apenas misoginia. Você quer ser reconhecida por suas habilidades. Não só como 'sou uma mulher, por isso sou diferente do resto do grupo.' As pessoas querem assimilar, mas não necessariamente se destacar.

Captura de tela da ESPN, mostrando uma citação de Se-yeon "Geguri" Kim, a primeira mulher a assinar com um time na Overwatch League.
TRADUÇÃO: Ela é uma heroína relutante nesta liga e tem sido desde sua estreia em 2016, com acusações posteriores de trapaça, tornando-a uma das jogadoras de Overwatch mais famosas do mundo. Ela desviou de perguntas sobre ser o rosto das mulheres no jogo bem antes de se juntar à ROX Orcas no Overwatch APEX, e depois à Shangai, e então, na sexta-feira, quando ela se viu novamente abordando a narrativa de ser uma porta-bandeira das mulheres, não só no Overwatch, mas em todo o mundo dos esports.

"Ser um ícone ou ser admirada só porque sou mulher - sou grata," disse ela sobre suas fãs, "mas não tenho nenhum pensamento sobre isso. Não é assim que quero ser conhecida."

Mesmo que os competidores de minorias de gênero não lidem explicitamente com assédio, eles ainda são alvo de escrutínio intensificado e expectativas injustas, principalmente em comparação a seus colegas do sexo masculino. Mesmo que eles não queiram ser "pessoas-propaganda," os jogadores de minorias de gêneros acabam carregando esse fardo de qualquer forma simplesmente em virtude de se destacarem; se uma mulher tem desempenho ruim, inevitavelmente haverá comentários sobre como essa é a prova de que mulheres não servem para competições de alto nível.

Mas não são só os opositores que dizem isso. Alguns jogadores de minorias de gênero também se opõem a serem considerados pioneiros. Porque historicamente tem sido difícil avançar e chegar a um nível mais alto, os fãs de minorias de gênero geralmente observam isso mais de perto. Embora esse tipo de atenção tenha nascido com boas intenções, ela ainda coloca pressão extra nesses competidores, que agora precisam desempenhar de forma excepcional só para provar que pertencem àquele lugar. Mas Myra Davis, que nos ajudou com a LCS Game Changers 2023 e ajudou a NRG a levantar seu primeiro troféu da LCS, enxerga essa pressão como inevitável.

"... Quando você está abrindo caminho, quer goste ou não, você é um exemplo agora,” disse Myra. "Algumas pessoas não querem defender isso com veemência para si mesmas, mas pensam em qualquer indivíduo de gênero diverso que esteja em qualquer tipo de liga, seja nos esportes tradicionais ou nos esportes eletrônicos. Você é, nesse ponto, um inovador. Você é um pioneiro. Você está vivendo algo que poucas pessoas já fizeram, e pela natureza disso, você será o exemplo para o qual as pessoas vão olhar.”

O caso de torneios inclusivos dos esports

Dado a relutância de alguns competidores de gêneros menos representados em discutir o efeito que seus gêneros têm em seu caminho através dos esports, pode parecer contraintuitivo que os torneios inclusivos de esports como o Eve Ascension ou o Game Changers existam. Afinal, esses torneios, em sua própria natureza, chamam atenção para as identidades de seus competidores. Mas os torneios especificamente para jogadores de minorias de gêneros nunca foram sobre segregar os gêneros — em vez disso, foram criados para promover talentos e ajudar jogadores a aprimorar suas habilidades em um ambiente seguro.

"Nos esports, onde temos ligas ou torneios apenas para mulheres, sempre há aquelas pessoas que pensam 'por que vocês precisam do seu próprio torneio? Isso é discriminação com os homens'," disse Kelsey Cox, Diretora-Gerente da Raider.IO, um site de progressão de ranking de WoW Mythic+ e raid. "Esses comentários sempre surgem. E se você diz que é porque precisamos de oportunidades para as mulheres competirem, é claro que isso vira um comentário do tipo 'se elas são boas o suficiente, por que não jogam com os homens?' Existe essa visão hipócrita de 'claramente não são boas o suficiente,' e falta de consideração com o fato de que o caminho até lá, para uma mulher, é muito diferente do de um homem."

A equipe da Team Liquid Brasil 2024.

É muito fácil falar que todos os torneios de esports devem ser abertos para todos os gêneros. E isso porque é verdade — todos os grandes torneios de esports são tecnicamente abertos para pessoas de todos os gêneros. E, no entanto, no mais alto nível, eles são compostos inteiramente por homens. Algumas pessoas pensam que isso ocorre porque mulheres são simplesmente piores em videogames. Mas a realidade é que muitas mulheres começam mais tarde e têm menos oportunidades.

"Quando somos [meninas] jovens, somos desencorajadas a jogar videogames," disse Kelsey. "Está melhorando, mas essa ainda é considerada uma atividade de meninos."

As meninas geralmente não têm as mesmas oportunidades ou encorajamento a jogar jogos, principalmente os competitivos, que os meninos jogam. Quando ficam mais velhas e percebem que estão interessadas nos jogos e nos esports, elas já não têm fundamentos que os seus colegas do sexo masculino têm. Apesar disso, muitas ainda assumem um campo de jogo já equilibrado e se concentram nas "diferenças biológicas" (um mito que se provou falso) em vez de nas influências sociais.

"Somos desencorajadas por pressões sociais, e quando somos desencorajadas dentro do esport em si, por homens que apenas não nos querem ali, isso é enraizado em pura misoginia," disse Kelsey. "Então, para podermos chegar a esse ponto em que de repente podemos dizer, 'eu sou boa o suficiente para competir,' já remamos contra muita lama. E nosso caminho tem sido tão difícil e a quantidade de mulheres que realmente conseguem vencer esse pântano é muito pequena."

E não é só questão de "conseguir" — mesmo as jogadoras que chegaram em altos raros patamares ainda têm que lidar com mais assédio. De forma geral, as mulheres precisam lidar com muito mais dificuldades que os homens quando se trata de construir seu próprio caminho nos jogos, e é por isso que os eventos que enfatizam a comunidade e inclusão são muito importantes. Afinal, como devemos aprender a ser competidoras se não temos experiência em competições reais?

Citação de uma entrevista de 2022 com Daiki e Palestra em TL.com.
TRADUÇÃO: Daiki & Palestra: Nós concordamos que esse deve ser o foco principal do time. Concordamos que a o Game Changers é um espaço no Valorant que as meninas precisam trilhar, mas elas precisam almejar mais para elas mesmas. Elas não precisam ficar confortáveis com essa situação, elas precisam ter o VCT Qualifiers como um de seus objetivos. Achamos que todo time, com patrocínio ou sem, precisa competir nesse tipo de campeonato.

Palestra: Acho que um dos motivos que o Game Changers existe é para dar as meninas um lugar em que possam entender o jogo por completo. Mas, agora, está tudo nas mãos delas. Elas precisam enfrentar desafios maiores e não podem ficar confortáveis. “Ah, tem o Game Changers, nós só precisamos dele”.

Uma coisa é ser bom em jogar um jogo; outra coisa é ser bom em competir em um jogo. Ser capaz de jogar em um ambiente não hostil, com e contra jogadores que não te ataquem por seu gênero, é algo que todos deveriam ser capazes de ter como certo — é por isso que os torneios inclusivos existem.

"O que eu amo em todos os esportes é quando, no nível de desenvolvimento, eles têm uma série de torneios de circuito que são para pessoas de minoria de gênero," disse Myra. “Para mim, não quero que as coisas sejam configuradas de forma que elas sintam que estão presas naquele ecossistema e possam se tornar peixes grandes demais em um pequeno lago. Eu quero que seja normalizado que os eventos aconteçam de uma forma que as pessoas tenham um ponto de partida seguro para aprender e crescer, e daí em diante passar para as ligas de nível superior.”

Atualmente, os torneios inclusivos de esports existem para ajudar a todos envolvidos a obter experiência de torneio sem precisar se preocupar com assédio ou tratamento injusto. Isso vai muito além dos jogadores, atingindo também staff e organizadores de torneio, que têm que lidar com seus próprios obstáculos.

"Eu me lembro de várias mulheres que eram líderes em esports comentando sobre como, na indústria, você é forçada a ser a pessoa que representa as mulheres, e isso é muito difícil por causa de todas as expectativas colocadas sobre você," disse Blake. "A quantidade de pressão que você precisa suportar é insana. Conversando com alguns dirigentes e diretores colegiais, tem algumas entidades universitárias que são muito patriarcais, e é muito difícil conseguir aprovação e orçamento, porque olham para elas e não respeitam tanto por causa de seu gênero. ”

De onde vem realmente toda essa pressão?

Obviamente, todos têm direito à sua própria opinião sobre seus gêneros serem ou não destacados em tudo o que fazem. Mas, na minha opinião, acho uma pena que o instinto da maioria seja se afastar de qualquer coisa que toque em seu gênero. É algo que, de forma irrefutável, afeta a experiência de alguém nos esports, quer falem sobre isso ou não. Competidoras não são tão notáveis porque são mulheres; elas são notáveis porque são grandes jogadoras e conseguiram chegar a um alto nível apesar de terem enfrentado desafios e adversidades únicos.

"Destacamos o fato de que essas mulheres conseguiram, ou falamos sobre como foi difícil?" disse Kelsey. "Você meio que precisa traçar uma linha entre sempre chamar atenção ao fato, ou não falar sobre o gênero. Essa é difícil, porque você constantemente fala no assunto e pode parecer que você está simbolizando isso, e aí parece que está chamando muita atenção para ele, ao ponto de minimizar a conquista [da pessoa].

"Não tenho uma resposta fácil. É algo que sempre terá que ser considerado. Você quer que as pessoas entendam que aquelas conquistas significam algo diferente porque são mulheres, mas ainda assim conquistaram algo, e elas não conseguiram porque foi entregue a elas ou foram simbolizadas de alguma forma ou conseguiram alguma cota... ou que tiveram um caminho mais fácil. Porque, na verdade, o caminho delas provavelmente foi muito difícil.”

Esse é o motivo principal pelo qual jogadores de minorias de gêneros não estão dispostos a discutir como suas identidades afetaram suas jornadas: eles simplesmente não querem que sua realização seja banalizada. No final, eles são competidores acima de tudo, e ser um competidor requer uma imensa coragem, disciplina, e sacrifício, não importa quem seja.

Mas porque os esports são um campo dominado por homens, qualquer pessoa fora do comum que entre em cena é automaticamente escrutinizada — e se não forem consideradas excepcionais, presume-se que receberam um novo papel pelo bem da imagem, ou para fingir inclusão. A narrativa então se torna que elas não poderiam ter chegado aonde estão com base apenas em seu próprio mérito, algo com o que os homens nunca precisam se preocupar.

"Todo mundo que chegou a uma liga profissional sofreu tremendamente; é a natureza da coisa," disse Myra. "A rotina para se tornar um profissional é insanamente difícil, e as batalhas que qualquer jogador hipotético enfrentaria são todas individuais, mas elas compartilham o mesmo tema. Acontece que a batalha de uma mulher seria a de enfrentar o preconceito só por causa de quem ela é. Essas são apenas as batalhas individuais, e não estamos enquadrando isso como um ato de circo, nem infantilizando ou mimando [o jogador], como, 'Não acredito que você fez isso'. É enquadrar isso como 'essas são as batalhas e lutas pelas quais alguém teve que passar', e acho que deve-se tratar isso da mesma maneira que seria tratado sobre qualquer outro jogador e abordar o assunto de uma forma que faça sentido — não banalizar e também não tornar esse o único fato sobre eles — então acho que isso é muito bom.”

O que vem a seguir?

Ao longo de todas as minhas conversas sobre como melhorar os espaços dos esports para pessoas de minorias de gêneros, algo comum foi a "normalização".

"Basicamente, só precisamos normalizar as mulheres jogarem nesses níveis, porque sempre vi o Eve Ascension como um trampolim," disse Kelsey. "Para mim, um torneio que é feito para mulheres e pessoas de minorias de gêneros dá a eles um espaço seguro para aprender a competir, para aprender como fazer parte de um esport, para aprender a praticar, como assistir a uma VOD, como melhorar suas habilidades... como fazer todas essas coisas em um ambiente seguro em que não são julgados. Onde se sintam confortáveis para aprender como fazer essas coisas, para quando decidirem dar um passo adiante para a [Masmorra Mítica Internacional] eles possuam esse conjunto de habilidades.”

Torneios inclusivos não existem apenas para ser versões piores dos torneios "principais" — em vez disso, eles existem para fornecer às pessoas de minorias de gênero uma oportunidade de aprender o que realmente significa praticar os esports profissionalmente. Algumas delas descobrirão que são apaixonadas por isso, e outras perceberão que isso não é para elas. Mas os resultados são igualmente valiosos, e é importante que tenhamos esses espaços para promover isso.

"Qualquer coisa que as empresas de jogos possam fazer para promover o envolvimento com seus esports é bom para elas a longo prazo, e fazê-lo com um público o mais diversificado possível é realmente crucial para a saúde dos esports a longo prazo," disse Myra. "Até recentemente, os esports tradicionais eram muito direcionados a um grupo demográfico específico. Parecia que esqueciam da existência das mulheres às vezes. A grande coisa que precisa acontecer para os esports como um todo é apenas normalizá-las socialmente, e isso serve para todos, desde o início. Normalizá-las para todos é como as ligas profissionais vão manter sua audiência nos próximos anos.”

Nos últimos anos, grandes avanços foram feitos em relação a normalização de pessoas de minorias de gênero competindo nos esports, e já estamos vendo os efeitos disso quando se trata de equipes específicas. No início deste ano, a Team Liquid Brasil tornou-se a primeira equipe do Game Changers em qualquer região a chegar nas eliminatórias fechadas do VALORANT Challengers. Elas perderam na chave superior na semifinal em uma partida acirrada, e então perderam novamente na chave inferior sendo eliminadas das qualificatórias.

Mas isso não foi um fracasso total, longe disso. As pessoas naturalmente prestaram mais atenção à Team Liquid Brasil por ela ser a primeira de seu tipo, mas não foi a pressão do que elas representavam que as levou a perder, nem lhes foi dada a oportunidade de preencher a cota da diversidade. Em vez disso, parecia parte das dores naturais de crescimento que qualquer equipe tem que enfrentar no caminho para se tornar excelente. Dar aos jogadores e times o espaço para tentarem, falhar, aprender, e crescer — em um nível fundamental, os torneios inclusivos são sobre isso, e é isso que os esports como um todo devem se esforçar para se tornar.

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Apesar de atualmente trabalhar na redação da Team Liquid, em outra vida Bonnie escrevia sobre esports falando principalmente de Overwatch.

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The conversation around women and marginalized genders in esports is a tough one, but it's one that we're committed to exploring. We hope this article gave you some more to think about. Here are some points as thanks for reading.
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