Tuesday, January 30, 2024

Spotlight da comunidade da Liquid: Rayssa

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Giulia Covre
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Você já conheceu alguém cujo hobby é "ser fã"? Rayssa é uma dessas pessoas - ela encarna uma mescla vibrante de paixões por VALORANT, esportes e, é claro, pela Team Liquid. Nascida em Minas Gerais, ela torce fervorosamente e desde pequena pela Raposa (Cruzeiro Esporte Clube) no futebol, pelo Kansas City Chiefs no futebol americano e, principalmente, pela line inclusiva de VALORANT da TL.

Se você já foi a um evento da Cavalaria no Brasil, provavelmente tenha encontrado Rayssa lá. Sua experiência no mundial do Game Changers em São Paulo, em 2023, foi seu ponto alto como torcedora, mostrando sua dedicação, formando conexões com outros fãs e sendo reconhecida por seu apoio inabalável. Conheça um pouco da história da Rayssa e como ela simboliza a paixão genuína e a união que definem a comunidade da Team Liquid.


Rayssa, comece falando um pouco de quem você é, quantos anos tem, onde você mora?

Bom, meu nome é Rayssa, atualmente eu moro em Campinas, mas eu sou mineira de nascença, me mudei para cá há bastante tempo. Eu tenho 30 anos, hoje trabalho como analista de suporte, e meus hobbies principais são acompanhar bastante coisa de VALORANT, de jogos em geral, e ser fã – de artistas, entre outras coisas.

Eu vi que você usa no seu nome no Twitter os emojis de futebol americano e de futebol. Para quais times você torce?

Eu comecei a acompanhar futebol americano há uns quatro anos mais ou menos, e eu torço para o Kansas City Chiefs. E no futebol, meu pai me ensinou desde pequenininha a ser cruzeirense. Também gosto muito de Esports, então adotei a Liquid como time do coração.

Então gostar do Kansas Chiefs não é por causa da Taylor Swift, né? (risos)

Não (risos), eu gosto dela mas não sou fã. Já acompanhava [o Chiefs] antes; eu sempre gostei um pouco do esporte e no Super Bowl de 2018, quando o [quarterback Patrick] Mahomes fez uma partida incrível e virou o jogo contra o [San Francisco] 49ers, eu me apaixonei de vez pelo esporte, aprendi sobre ele e desde então acompanho todos os anos. (...) Acho que uma boa parte dos brasileiros assiste ao Super Bowl por conta do show do intervalo, e nessa época um primo meu queria assistir o show. Eu fiquei ali assistindo, mas depois não entendi muito do esporte. Só quando vi as reações dos narradores, entendi que o que o Mahomes estava fazendo era muito grande. Depois eu me interessei em entender sobre regras e tudo o mais. Acho que parte de ser nerd é se apaixonar muito pelo que você gosta, tentar descobrir tudo.

Você pratica algum esporte ou só assiste?

Eu pratico futsal, é algo que eu tenho um pouco mais de frequência na minha vida; tenho algumas amigas aqui na cidade com quem jogo junto. Eu pratico como exercício físico, por assim dizer, e também para conhecer a galera, fazer amizade.

Legal! E agora indo mais para a Team Liquid, como você começou a acompanhar os Esports e por que você virou fã da Liquid em específico?

Eu sempre fui muito ligada a videogames, jogava com os meus primos na adolescência, mas com a pandemia isso ficou um pouco mais claro, a gente acabou se envolvendo um pouco mais com jogar online. Foi quando eu consegui comprar meu primeiro PC gamer e com isso um amigo meu começou a transmitir VALORANT. Eu comecei a jogar VALORANT, inclusive o primeiro campeonato que eu assisti foi no canal do Rakin, a Copa Rakin, um dos primeiros campeonatos de VALORANT, e então comecei a acompanhar o jogo. Gostei e acabei fazendo algumas amizades - nesse campeonato eu conheci a Letícia Motta, caster de VALORANT. Comecei a acompanhar o trabalho dela, uma pessoa maravilhosa que hoje se tornou minha melhor amiga, e com isso, e com outras amizades que a gente foi descobrindo no caminho, fui me afeiçoando cada vez mais ao VALORANT e Esports em geral, mas VALORANT sempre foi o foco. Depois rolaram outros projetos de pessoas que eu conheci pra envolver a comunidade [em geral] e a comunidade LGBTQIA+, até para se ter um ambiente um pouco mais seguro para jogar, etc. E com o cenário profissional inclusivo começando a surgir, isso de vez me identificou como uma figura que quer apoiar e acompanhar tudo que pode.

E em relação à Team Liquid? O que fez com que você torcesse pela Cavalaria?

Eu já conhecia a Liquid um pouco por conta do LoL, mas na época em que eu comecei a acompanhar o cenário inclusivo, tinha a Gamelanders, antiga org da Daiki, bstrdd e das outras meninas. Eu passei a acompanhá-las e torcer por elas - era o time mais forte, com quem eu mais me identificava. Quando elas entraram para a Liquid, foi quando realmente eu entendi: "Beleza, esse é o time que eu torço, esse é o meu time". E aos poucos eu comecei a entender o que era a Liquid, né? A grandiosidade e a oportunidade que as meninas estavam tendo para mostrar ao cenário inclusivo a força que elas poderiam ter. Então, um dos pontos com os quais eu mais me identifico em torcer para a Team Liquid é o quanto o time como um todo, e todos da organização, acreditam muito no sonho de cada um dos players. Com todas as lines que existem - seja de VALORANT, de CS, de LoL - você entende muito o quanto a Cavalaria apoia e acredita no sonho dessas pessoas, o quanto a org investe… Por exemplo, o investimento nessa line de VALORANT do cenário inclusivo é um dos maiores que a gente tem até hoje, não só em questões financeiras mas em suporte, apoio, dar oportunidade para elas buscarem as coisas. E isso sempre é muito ligado à torcida, então é muito divertido ter uma torcida unida e ter muito contato com as meninas em vários eventos e lugares.
Photo courtesy of Rayssa

Você menciona isso do contato. Como é interagir e engajar com a comunidade da Liquid? Dá para dizer que você fez amigos próximos por conta da organização?

Sim, com certeza. Tenho alguns amigos que são amigos e conhecidos das meninas [do VALORANT inclusivo] ou fãs também. Eu acabo sendo muito presente no chat das meninas, então acabo conhecendo e fazendo amizade com muita gente. No mundial inclusivo, por exemplo, eu conheci várias pessoas e fiquei amiga de pessoas que torcem para a Liquid porque estava todo mundo lá com esse mesmo propósito. Isso foi muito legal. Pouquíssimas vezes eu tive dificuldade de conversar com alguém e me aproximar por causa da Liquid, sabe? É muito comum a gente estar no chat e começar a conversar, aí se vê no chat várias vezes, em vários campeonatos, ou em várias lives das meninas, e acabamos nos aproximando cada vez mais.

Minha próxima pergunta era justamente sobre o Mundial do Game Changers. Eu imagino que você ter ido assistir aos jogos em São Paulo tenha sido uma das, senão a maior experiência que você já teve torcendo para a Team Liquid, não?

Com toda certeza do mundo - e não só da Liquid, mas de qualquer coisa que envolva Esports e jogos. Foi a minha maior realização porque, como eu disse, acompanho as meninas desde o início e depois da troca por essa line atual, acabei entendendo muito a minha vivência ali, o meu apoio muito ligado principalmente à Daiki, que é uma das pessoas que eu mais admiro no cenário, e por quem eu tenho muito carinho por tudo que ela já fez. No Brasil, a gente nunca tinha tido a oportunidade de acompanhar um jogo presencial das meninas, já que sempre foram LANs fechadas, né? No momento em que saiu a notícia de que o mundial seria no Brasil e entendemos como seria a dinâmica, a vaga [do Brasil] ainda não tinha sido decidida. Então, quando houve essa definição, os ingressos já estavam esgotados, [mas] eu tinha conseguido comprar ingresso para quatro dos cinco dias do campeonato. Essa oportunidade foi muito importante para mim, porque eu tinha dois amigos [os quais também iriam] - nós ficamos em um Airbnb para poder passar a semana em São Paulo, então estávamos todos os dias no torneio. Lá pelo terceiro ou quarto dia, a Potter [head coach de VALORANT da EG] virou para mim e falou: "Nossa, você está aqui todos os dias, isso é incrível, você é muito dedicada!" e aquilo foi muito especial para mim, sabe? Como um reconhecimento.
E poder ver as meninas todos os dias, dar um abraço nelas entre as partidas, ver tudo que aconteceu, ver elas varrerem a lower… O primeiro dia foi um baque, todo mundo estava muito motivado, muito confiante, e aí aconteceu: perdemos para a G2 Gozen. Nos jogos seguintes a torcida se animou igualmente, eu sempre estava ali tentando, com outras pessoas, animar todo mundo, puxando a galera para cima, e fomos passo a passo. A revanche contra a G2 Gozen acredito que tenha sido o ápice do campeonato para muita gente. Para mim, foi um jogo que lavou a alma: a gente teve uma situação de revanche, jogamos muito bem, mostramos porque estávamos ali, a torcida mostrou para as meninas que a gente estava ali apoiando não importava o que acontecesse… E aí, no dia seguinte, seria a final, e eu não tinha ingresso.

Não!

Fiquei completamente desesperada. O pessoal da Liquid tentou ajudar mas realmente os ingressos estavam todos esgotados e não tinha muito o que fazer. E aí, eu falei: “Eu tenho uma missão. O pessoal me conhece, sabe que eu torço para a Liquid, e eu vou conseguir esse ingresso”. Fui para o Twitter, chamei várias pessoas, pedi para darem RT até chegar em alguém vendendo ingresso… Qualquer coisa era possível, né? Porque eu ter assistido todos os dias, [o time] ter ido pra final e eu não estar lá… Eu chorava, porque era um momento que eu precisava viver. E, num dado momento, simplesmente o head de [Esports de] VALORANT, Léo Faria, deve ter visto meu Twitter e entrou em contato comigo. Ele me chamou na DM e falou que conseguiria ingresso para mim. No dia seguinte, ele me deu um par de ingressos - então consegui levar um amigo que também estava todos os dias junto com a gente - e pela ajuda dele eu consegui realizar esse sonho de ver uma final do mundial inclusivo com as meninas lá. Fiquei lá na frente, dei minha vida para torcer. Foi surreal a experiência. As meninas fizeram tudo o que podiam. Infelizmente, [o título] não veio dessa vez, mas foi algo que eu nunca vou esquecer na minha vida. Todos os momentos, amizades, fotos (...) que representam a minha minha paixão pela Liquid.
Photo by Gui Caielli/Team Liquid

E o que você está achando delas agora no qualificatório fechado do VCB? [Nota: A entrevista foi realizada no sábado à tarde, quando o time ainda estava na disputa pela vaga no VCB.]

A gente sabia que o time sairia do mundial muito mais forte e aos poucos fomos acompanhando passo a passo da qualificatória. Elas mostraram um jogo que elas sabem fazer: o básico, o focado, tudo aquilo de qualidade que a gente está acostumado da parte delas. Está sendo lindo de se ver. Inclusive, uma promessa que eu vou cumprir, é que se elas tivessem se classificado para o qualificatório fechado, eu compraria uma jersey da Liquid deste ano.
É um passo gigantesco para a comunidade, até no sentido de que… Eu tenho 30 anos. Por mais que sonhar seja permitido, eu não tenho mais reflexos para me tornar uma pro-player (risos). Na época que eu era adolescente, mais ou menos na idade da Daiki quando ela começou, isso não era algo nem para se sonhar. Então eu me sinto muito realizada pelas conquistas delas, e por ver que elas estão inspirando outras meninas, e acreditar que em algum momento a gente vai realmente ter igualdade. Muita gente pode achar que isso é pouco, mas elas se classificarem para o qualificatório fechado, estarem lutando para jogar o VCB, é algo gigantesco para a nossa comunidade.

Você também joga VALORANT ou só assiste?

Eu brinco de VALORANT (risos).

E o que mais?

Jogo bastante TFT, Fortnite, vira e mexe - inclusive também acompanho um pouco os meninos da line de Fortnite da Team Liquid.

E quais outros interesses ou hobbies você tem que não são relacionados com Esports, games ou esportes? Eu vi no seu Twitter que você é bem fã de RBD.

Sim, acho que o meu principal hobby é ser fã. Eu sou fã desde que eu me entendo por gente, então, bem adolescente, eu primeiro me tornei fã de Rouge. E depois a coisa foi escalando. O RBD foi a minha maior febre, a maior paixão que eu já tive durante a adolescência - cheguei a ter pôster, revista e tudo mais. Só que eu morava no interior de Minas, então não tinha como eu ir para São Paulo ou para o Rio de Janeiro e ir a um show. Na época que eles vieram, anos atrás, foi meio que um sonho inalcançável. Eu cresci, me conformei, OK. Fui em alguns shows da Dulce [Maria, cantora do grupo] na época que ela veio para cá sozinha, mas em nenhum do RBD, então quando eles entraram em turnê no ano passado, foi surreal. Eu consegui ir em três shows; minhas férias de novembro foram para ir no show do RBD e depois emendar com o mundial do Game Changers. Vamos dizer que novembro de 2023 foi um dos melhores meses da minha vida.

Demais! Dá pra ver que você gosta de música. O que mais você escuta?

Escuto bastante Camila Cabello, Demi [Lovato]... Tive minha época de rock, então escutei muito Paramore, Linkin Park… Hoje em dia é muito mais em torno do pop. (...) Pabllo Vittar, Blackpink, que conheci tem uns anos.

Eu achei interessante que você falou que o seu hobby é ser fã. O que ser fã significa para você?

É ser você, buscar contato com as pessoas, interagir. A gente sabe que para quem trabalha com isso, com mídias sociais também, o engajamento é muito importante, então você sabe que está ali apoiando a pessoa, comentando as coisas. Acho que ser fã é você apoiar quando está bem, quando está mal também. Ser alguém que traz uma mensagem de carinho para a pessoa naquele momento difícil.
Querendo ou não, também é colecionar coisas, colecionar momentos caso você tenha oportunidades de conviver com pessoas. Foi por isso que não medi esforços para ir a três shows do RBD, (...) não medi esforços para tentar ir todos os dias no mundial inclusivo, porque são situações e emoções que só você vive uma vez. Acho que ser fã é se entregar à emoção e vivê-la sempre que puder e tiver chance.

Muito legal. Tem algo a mais que você queira compartilhar com a comunidade da Team Liquid?

Um dos maiores pontos é enaltecer o trabalho da Daiki. (...) Vejo o absurdo que ela fez desde que entrou na Liquid - não só como player mas como figura pública da organização, tentando sempre mostrar o melhor que ela tem. É a pessoa, e a jogadora, que eu mais admiro e por quem eu mais tenho carinho. Ela é o pilar desse projeto da Liquid inclusiva, e isso é lindo de se ver. Acho que muito por esse contato eu tenho esse carinho pela Team Liquid.
Meu maior xodó é a camiseta autografada que eu ganhei delas; minha primeira jersey do time e ainda foi assinada pelas meninas - tenho quase certeza de que foi a primeira do Brasil autografada por toda a line naquele momento. (...) Acho que a mensagem principal é enaltecer o trabalho da Daiki e de toda a torcida. Agradecer por cada momento que a gente viveu no mundial do Game Changers porque a gente fez amizade, nos tornamos um só, temos fotos com todos juntos… Enaltecer tudo isso que nos une e faz com que o apoio ao cenário de VALORANT inclusivo realmente seja algo diferente e especial.
Photo courtesy of Rayssa

E sobre você especificamente, quer acrescentar algo?

Lembro que no Community Spotlight do Rondinelli está escrito que ele é o fã número 1 da Team Liquid no Brasil. [Posso dizer que] Eu sou fã número 1 do time inclusivo, e fui intitulada assim por muitas pessoas. É incrível ser reconhecida: "Ah, você é a Rayssa fã da Liquid!". É muito divertido e mostra a união que a gente tem com todo mundo. Tive contato com muita gente que trabalha na Team Liquid e todos foram muito queridos comigo. É ver que não é só pelo jogo, não é só pela disputa, mas também pela comunidade que temos. (...) Agradeço muito por terem me chamado para participar do Spotlight, é muito especial para mim!
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