Friday, April 25, 2025

Como o Valorant Game Changers está construindo uma nova indústria

Written by:
Team Liquid Crest Logo Light Version
Escrito por:
Bonnie Qu
Copywriter
Team Liquid Crest Logo Light Version
Editado por:
Austin "Plyff" Ryan
Editor and writer for TL.GG
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Design gráfico feito por:
Brenda Cardoso
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Como o Valorant Game Changers está construindo uma nova indústria

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Austin "Plyff" Ryan
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Brenda Cardoso

Desde que os eSports existem, as pessoas perguntam se algum dia se o cenário alcançará a igualdade de gênero. Esse é o tipo de pergunta que não tem resposta fácil. Nós mesmos tentamos responder isso várias vezes aqui neste site e nunca chegamos a uma conclusão. A única coisa que podemos dizer com certeza é que é óbvio para qualquer um que preste atenção que a igualdade de gênero nos eSports parece muito diferente agora do que há alguns anos. Na verdade, está mudando o tempo todo.

Vamos falar o óbvio. Por muito tempo, a Team Liquid não teve nenhuma jogadora profissional do sexo feminino. E mesmo agora, a demografia dos atletas dentro da organização é esmagadoramente masculina. Isso pode ser atribuído a tendências mais amplas da indústria de eSports, no qual o progresso é lento nos níveis mais altos, especialmente quando se trata de jogos com cenários estabelecidos há muito tempo. Mas as mulheres e as pessoas de gêneros marginalizados sempre foram parte integrante da estrutura da Team Liquid, tanto como talentos quanto como parte da staff - e, a partir de 2022, também como na parte competitiva.

Desde o surgimento do cenário de eSports, o Valorant desenvolveu uma reputação de ser o jogo com o circuito feminino mais robusto que existe. O Valorant Game Changers opera em todo o mundo e tem um campeonato internacional presencial no final do ano, o que é muito mais do que outros torneios femininos conseguiram historicamente. Como o Valorant é um jogo relativamente novo, faz sentido que tenha desenvolvido uma base de jogadores jovens, que inclui mulheres jovens e meninas.

Em 2022, a Team Liquid Brasil foi formada para competir no Game Changers Brasil. Elas rapidamente provaram que eram a equipe mais dominante da região, permanecendo invictas no Brasil e ficando em terceiro lugar no Game Changers Championship. Elas alcançaram os mesmos resultados em 2023, embora desta vez tenham perdido em uma final disputada do evento presencial do final do ano. Foi apenas em 2024 que elas começaram a vacilar contra um de seus maiores rivais no Brasil, o MIBR.

A Team Liquid Brasil foi de longe a melhor equipe feminina da sua região por mais de dois anos. Isso é muito bom para elas, mas o que acontece quando tiramos o qualifier? Como elas se comparam à concorrência "normal"?

Essa pergunta sempre é feita quando se trata de torneios femininos. Muitas pessoas acreditam, de maneira errônea, que triunfar no circuito feminino é o objetivo final das equipes femininas e que essas equipes esperam que ganhar um campeonato seja tratado com a mesma seriedade que ganhar um campeonato num torneio "normal". Mas as próprias jogadoras seriam as primeiras a dizer que isso não é verdade (leia aqui nosso artigo anterior explorando os benefícios e desafios de realizar torneios inclusivos).

Em 2024, a Team Liquid Brasil se tornou a primeira equipe do Game Changers em qualquer região a chegar ao Closed Qualifier para o Valorant Challengers, que é o circuito que dá acesso ao VCT. Se elas tivessem conseguido vencer o Closed Qualifier, teriam chegado ao torneio principal e competido contra todas as melhores equipes do Brasil. 

Infelizmente, isso não aconteceu com elas. A jornada delas pelo Qualifier começou forte, mas assim que perderam uma partida e seu ímpeto foi interrompido, a equipe perdeu visivelmente a confiança, levando a um abalo do qual elas nunca conseguiram se recuperar. É uma história tão antiga quanto o tempo: uma jovem equipe de eSports descobre pela primeira vez como é perder para si mesma.  Isso acontece com todas as equipes em algum momento, e é quando estamos um degrau mais próximos de chegar ao topo.

No entanto, isso não deixa de ser uma decepção — especialmente quando todos os olhos estão voltados para você. Assim que ouviram a notícia, as pessoas que nunca assistiram a um jogo do Game Changers Brasil estavam ansiosas para ver se a Team Liquid Brasil poderia fazer história. Ou, mais precisamente, se poderiam fazer ainda mais história.

A pressão que vem com ser a primeira equipe a realizar tal grandeza é um fardo que toda equipe e jogadores marginalizados têm que carregar constantemente. Por um momento, parecia que a Team Liquid Brasil poderia realmente se tornar a primeira equipe do Game Changers a chegar ao Challengers. Mas não era para ser — para elas, de qualquer maneira. Em 2025, uma equipe diferente, em outra região, conseguiu dar o próximo passo, passo esse que havia escapado da Team Liquid Brasil.

A Shopify Rebellion Gold é mundialmente considerada a melhor equipe do Game Changers. Elas são quase intocáveis em sua região. Elas venceram dois Game Changers Championship consecutivos. E agora, elas são a primeira equipe do Game Changers a se classificar para o Challengers, um feito alcançado em janeiro de 2025.

No entanto, isso não é tudo o que elas fizeram para quebrar barreiras. Sua performance formidável em 2024 foi em grande parte graças à estrela indiscutível da Florescent, uma jovem duelista que dominava todos os servidores em que estava. Sua performance não passou despercebida e, logo após vencer o campeonato, ela se tornou a primeira jogadora do Game Changers a assinar com uma equipe de VCT.

A própria Team Liquid Brasil tem muita história com a Shopify Rebellion. Afinal, elas foram a equipe que eliminou a Team Liquid do Game Changers Championship em 2022 e 2023, com a última derrota sendo por 2-3 na Grande Final. É uma posição estranha para se estar, saber que sempre que seus rivais triunfam, é bom para todos — e, ainda sim, poderia ter sido, e talvez devesse ter sido você. As equipes do Game Changers não estão apenas competindo para serem as melhores no Game Changers. Elas também estão competindo para serem as melhores fora do Game Changers. Elas estão competindo para mostrar que o sistema funciona, que produz equipes capazes de prosperar fora do ecossistema em que foram desenvolvidas. E, assim como qualquer equipe de eSports, estão competindo para vencer.

Observado de fora tudo isso pode parecer muito fútil às vezes. Os eSports existem há décadas e, ainda assim, parece que estamos muito longe de sermos uma indústria na qual os escalões superiores sejam igualmente ocupados por pessoas de todos os gêneros. Mas se olharmos a nossa origem, o progresso no cenário do Valorant Game Changers está acontecendo em um ritmo que seria impensável há alguns anos. A Team Liquid Brasil perdeu por pouco a classificação para o Challengers em janeiro de 2024. E levou apenas um ano para que outra equipe conseguisse.

Quantos anos mais serão necessários para que uma equipe do Game Changers se torne uma das 10 melhores equipes de sua região? Para ter uma chance de se classificar para o VCT? Quanto tempo levará para uma ex-jogadora do Game Changers ganhar um título de VCT? Felizmente, não precisaremos esperar muito mais para descobrir.

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Apesar de atualmente trabalhar na redação da Team Liquid, em outra vida Bonnie escrevia sobre esports falando principalmente de Overwatch.

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Austin é uma das lideranças dentro da Team Liquid e uma pessoa genial com as palavras. Entrou na Liquid como freelancer e depois chegou a escrever para sites como Inven Global, Dexerto, Monster Gaming, The Rift Herald e muitos outros sites desativados que ainda não pagaram por seus serviços de redação. Austin escreve principalmente sobre qualquer modalidade que a TL precise, mas ama Smash e FGC. Sua recomendação de leitura seria a trilogia de “A Terra Partida” (“Broken Earth Trilogy”) por N.K. Jemisin.

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Em nosso 25º aniversário, estamos comemorando as partes da história da TL das quais mais nos orgulhamos. Temos a honra de fazer parte do esforço para criar um novo e melhor cenário de eSports.
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